Campo Ameno - Jaén
Como grande aventureiro do
vinho que sou, assim que cheguei a Jaén comecei a buscar os vinhos dessa
região. Porém, sem sucesso no começo. Após bastante procura, encontrei alguns
vinhos de cidades próximas, mas nada de vinhos de Jaén propriamente falando.
Para quem gosta de vinho, não
encontrar alguma garrafa é um desafio, então passei a perambular pela cidade
para procurar o que tanto buscava, e acabei encontrando um pequeno empório que
tinha, em sua vitrine, um vinho chamado Campo Ameno.
Busquei no rótulo a região em
que foi produzido, já que nunca tinha visto tal vinho em outro lugar. Para
minha surpresa, ali estava o “Santo Graal” tão buscado até aquele
momento. Entrei e comprei uma garrafa no valor de €4,30, preço alto para
um vinho dessa região, já que encontramos vinhos de Rioja, por exemplo, com
qualidade mediana, por €1,65.
Cheguei a casa e analisei a
garrafa, verifiquei o site da Bodega e constatei que comprando uma caixa com 6
garrafas cada uma sai por €2,50, ainda um valor alto para essa denominação de
origem.
O trabalho do rótulo é bastante
interessante, nada de grandes desenhos ou cores fortes, como estes vinhos que
se dizem “jovens e modernos” e que, na realidade, de moderno só tem o rótulo.
Aberta a garrafa, senti um
aroma bastante intrigante, certa leveza combinada com a aspereza própria da
Syrah. Presença marcante de frutas escuras, amoras silvestres e ameixa preta.
Um toque tênue de laranja. Na boca, morango e baunilha. No retrogosto,
encontramos leve sensação mineral.
A minha opinião é de que temos
em mãos um vinho com nota final de 3,5 em uma escala de 0 a 5.
Para o Brasil, harmoniza
perfeitamente com aquela pizza de calabresa e quatro queijos, graças à
mineralidade encontrada, que não gera choque desproporcional quando em contato
com o queijo.
Cabe perfeitamente, também, com
aquele churrasco de picanha ou carré de cordeiro – desde que não seja temperado
com ervas muito aromáticas, pois geraria um desequilíbrio desagradável ao final
do gole.
Ah, não posso esquecer de
mencionar que se trata de um vinho premiado em concurso internacional. Medalha
de ouro no ano de 2016 no Internacional Wine Guide Awards e medalha
de prata no Concurso Ibérico de Vinos Premios Mezquita Córdoba – 22ª
edição.
Não vejo com bons olhos tais prêmios,
existem diversos vinhos vendidos no Brasil que levam várias medalhas (parecendo
mais uma roupa de um general do que um rótulo) e são, em sua maioria, vinhos de
uma pobreza franciscana.
Beber vinho é uma
arte particular.
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